quarta-feira, 1 de junho de 2011
Reforma administrativa de Beto custará R$ 8,6 mi ao ano
Projeto encaminhado pelo governo Richa para a Assembleia prevê a criação de 295 cargos comissionados, um aumento de 8,1% no número de vagas de livre nomeação
Publicado em 01/06/2011 | CHICO MARÉ
A chamada “reforma administrativa” do governo Beto Richa (PSDB) – a readequadação da estrutura de quatro secretarias e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) – não vai sair barato para os cofres estaduais. De acordo com o anteprojeto enviado à Assembleia Legislativa do Paraná, a alteração administrativa de três secretarias e da PGE deve resultar na criação de mais 295 cargos comissionados, de livre nomeação (sem concurso público). O custo com vencimentos deve ser R$ 664 mil por mês – um total de R$ 8,6 milhões por ano, considerando o 13.º salário. As vagas em comissão que devem ser criadas aumentarão em 8,1% o número dos cargos comissionados na administração direta. Atualmente, o governo do Paraná tem 3.611 comissionados.
Na segunda-feira, o governador Beto Richa mandou para a Assembleia o anteprojeto de lei que altera o desenho institucional de três secretarias. A Secretaria da Criança e da Juventude, comandada pela primeira-dama Fernanda Richa, deve absorver toda a área de assistência social e se tornar a Secretaria da Família e do Desenvolvimento Social. O projeto também traz alterações na Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos; na Secretaria de Trabalho, Emprego e Economia Solidária; além da criação de cargos na PGE.
Outro projeto, em tramitação na Assembleia desde 3 de maio, promove a fusão das secretarias de Transporte e de Obras, criando a Secretaria de Infraestrutura e Logística. Mas para essa pasta não está prevista a criação de cargos.
Troca de atribuições
A área da assistência social, que ficará sob comando da Secretaria da Família e da primeira-dama, atualmente é de responsabilidade da pasta do Trabalho, comandada pelo deputado licenciado Luiz Cláudio Romanelli. Mas Romanelli deve receber todo um novo setor de economia solidária em sua secretaria. Com isso, a secretaria muda de nome para Secretaria do Trabalho, Emprego e Economia Solidária.
Já a Secretaria de Justiça e Cidadania deve absorver a área de direitos humanos, além de toda a administração do sistema penitenciário do estado.
Cargos
De acordo com o projeto, a Secretaria da Família ficará com 127 dos 295 cargos em comissão que serão criados. A pasta já tinha direito a outros 85 comissionados, que serão mantidos da antiga secretaria ou remanejados de outros setores.
A Procuradoria-Geral do Estado, comandada por Ivan Bonilha, é o segundo órgão que mais ficará com cargos a serem criados: 118. A Justiça terá 28 novos cargos, além de outros 160 que serão mantidos ou transferidos de outras áreas. A Secretaria do Trabalho terá 22 novos funcionários comissionados, além de outros 76 que já trabalham na pasta.
O secretário do Trabalho, Luiz Cláudio Romanelli, considerou positivo o “enxugamento” das funções de sua pasta, que perde atribuições para a pasta da Família, embora ganhe comissionados. Para ele, houve uma perda de foco quando a secretaria passou a abrigar a área de promoção social. Além disso, a secretaria agora será responsável pela área de economia solidária, que ainda não existia institucionalmente no govern. Para Romanelli, isso será um grande avanço.
Já a secretária de Justiça, Maria Tereza Uille Gomes, avalia que os novos cargos são necessários para estruturar duas novas áreas de atuação. “Essa estruturação visa a ampliar a fiscalização do sistema prisional e reforçar a área de direitos humanos, que hoje é muito deficitária”, explica. De acordo com a secretária, houve um crescimento nas responsabilidades da pasta, que agora deverá responder por mais 15 mil presos (hoje, já cuida de outros 15 mil); nove conselhos; além da defesa e promoção de direitos para idosos, mulheres e minorias.
A Gazeta do Povo procurou a Secretaria da Família para comentar a criação dos cargos, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.
Moeda de troca
O cientista político Doacir Quadros, da Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter), avalia que a criação de mais cargos é preocupante. Segundo ele, tradicionalmente, os cargos comissionados servem como moeda de troca para controlar os interesses da base aliada. Além disso, favorecem o clientelismo e o nepotismo (contratação de parentes). Segundo ele, a conta sempre é paga pelo contribuinte: “Quanto maior o aparelho burocrático, mais gastos para o governo”.
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