quinta-feira, 12 de maio de 2011

100 dias que agitaram a Assembleia


Para especialistas, houve avanços desde que Valdir Rossoni assumiu o comando da Casa, mas o histórico de desmandos no Legislativo ainda pesa contra os deputados

Publicado em 12/05/2011 | EUCLIDES LUCAS GARCI

Graças à pressão popular e da imprensa, a Assembleia Legislativa do Paraná passou por avanços importantes desde que Valdir Rossoni (PSDB) assumiu a presidência da Casa, em 1.º de fevereiro. Esse, porém, é apenas o início de um longo caminho a ser percorrido, que tem ao lado a sombra permanente de desmandos históricos na Casa, prontos a pressionar por um retrocesso. É o que afirmam especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo a respeito dos primeiros 100 dias, celebrados ontem, da gestão Rossoni no Legisla­­­­tivo – considerados por muitos os mais agitados da história da Assembleia.

Como principal avanço da nova gestão, eles citam o maior controle em relação às despesas da Casa. O maior destaque é o novo Portal da Transparência, que passou a divulgar informações inéditas, como o andamento de contratos e licitações e a lista de inativos e pensionistas. “Ao menos a impressão que se tem é que a Casa não é um cabide de emprego de fantasmas tão descarado como antes”, afirma professor de Ciência Política Luiz Domingos Costa, do Grupo Uninter.

No entanto, tanto ele quanto o cientista político Mário Sérgio Lepre, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), ponderam que não são apenas 100 dias que vão mudar uma estrutura corrompida ao longo de décadas. “Qualquer avanço que se fizesse já seria alguma coisa. De fato eles ocorreram, mas são apenas alguns passos, algumas migalhas que, quem sabe, poderão levar ao comportamento final que a gente espera”, diz Lepre.

Para eles, a continuidade desses avanços depende diretamente da forma como a Casa vai responder às denúncias de irregularidades que continuam surgindo e atingindo inclusive Rossoni. “O caso da Hellena Daru [veja cronologia ao lado] colocou em dúvida a capacidade do Rossoni de moralizar a Ca­­­­sa. Ele teve dificuldade em responder a esse episódio e ainda não o esclareceu direito”, analisa Costa.

“Casos como esse podem levar a retrocessos, afinal se está apenas no começo de um longo caminho em busca de mudanças” completa Lepre. “Basta ver todo o retrocesso vivido pelo Senado depois do escândalo dos atos secretos em 2009. Por isso, é preciso muito cuidado com a Assembleia.”

Ambos também são taxativos ao afirmar que, além da necessidade de a imprensa e a sociedade paranaense continuarem vigilantes, a transparência na internet é a senha para manter a Assembleia no trilho das mudanças. “Temos de aguardar mais para fazer uma análise definitiva. A Assembleia ainda precisa chamar a população para o seu lado e se expor a ela integralmente; precisa ter um papel político mais efetivo, para fazer valer o quanto pagamos por ela”, argumenta Costa.

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