segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Anistia ao caixa 2 seria também contra corrupção e lavagem, diz Dallagnol

Por Gabriel Barreira, G1 Rio


Procurador do MPF participou de debate na FGV nesta segunda. Segundo ele, proposta para punir juízes é 'projeto de intimidação'.



O Procurador do Ministério Público Federal Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava-Jato, afirmou nesta segunda-feira (28) que a proposta de anistiar o caixa dois, discutida na Câmara dos Deputados, representaria também a anistia à corrupção e à lavagem de dinheiro. A declaração foi feita em debate na Fundação Getúlio Vargas (FGV), na Zona Sul do Rio.

A anistia ao caixa dois foi levantada por deputados em emenda a um pacote proposto pelo MPF, conhecido como "10 medidas contra a corrupção". O perdão seria votado na semana passada, mas foi adiado após forte reação popular, e deve começar a ser apreciado no Congresso na terça (29). No domingo, o presidente Michel Temer anunciou "ajustamento" contra a proposta.

De acordo com o procurador, a manobra seria radical. "A proposta que se fez de anistia não é uma proposta de anistia a caixa dois. É uma proposta de anistia a crimes relacionados ao caixa dois, redigida de modo tal a permitir - na verdade, o que se quer - garantir anistia da corrupção e lavagem dinheiro, inclusive praticados na Lava-Jato", opinou o procurador.

Dallagnol comparou a reação parlamentar à resposta das autoridades italianas à Operação Mãos Limpas, na qual a Lava-Jato se inspirou. Na Itália, ao fim da operação que também prendeu políticos, o Parlamento acabou aprovando leis a favor da impunidade.

"Essa [dos deputados brasileiros] foi a manobra mais radical que eu vi. Mais radical do que aconteceu na Itália, sob a forma da reação de um sistema [político] a uma investigação", disse.

O representante do MPF disse que respeitaria a decisão soberana do Parlamento. Na semana passada, ele visitou Brasília e disse que a proposta seria uma tentativa desesperada de alguns parlamantares de se livrarem do processo.

"É a troca da certeza de punição pela possibilidade de uma forte reação popular".

Dallagnol reconheceu, no entanto, que, com o "esfriamento" da Lava-Jato, propostas semelhantes podem ser retomadas no Congresso no médio prazo.

Crime de responsabilidade

Outro projeto que pode fazer parte do pacote, segundo ele, é o que permitiria magistrados responderem por falta de decoro. De acordo com Dallagnol, isso permitiria que os investigados acusassem os investigadores. Ele classificou a proposta como um "projeto de intimidação".

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