sexta-feira, 27 de maio de 2011
Desacostumados a disputas abertas, tucanos farão convenção tensa
sexta-feira, 27 de maio de 2011 18:43 BRT
Por Jeferson Ribeiro
BRASÍLIA (Reuters) - Desde a sua fundação, em 1988, o PSDB não vive momentos de tanta efervescência interna e é nesse clima de forte tensão entre suas principais lideranças que os tucanos realizam no sábado a convenção nacional para reeleger o deputado Sérgio Guerra (PE) presidente da legenda.
O senador e ex-governador mineiro Aécio Neves e o ex-governador paulista e candidato derrotado à Presidência por duas ocasiões, José Serra, disputam palmo a palmo a influência que terão no partido até 2014, data da próxima eleição para o Palácio do Planalto.
Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), parte dessa disputa interna se explica porque há colegas que querem antecipar a disputa pela indicação do candidato do partido à Presidência em 2014. "Não é bom definir candidatos agora", ponderou.
Dias é defensor da criação do instrumento das prévias partidárias para definir os candidatos e chegou a apresentar no Senado um projeto que regulamenta as disputas internas dos partidos.
O presidente do PSDB em São Paulo, o deputado estadual Pedro Tobias, considera essa disputa precoce um "suicídio" para o partido.
O dirigente é ligado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que já concorreu à Presidência em 2006 e dependendo do cenário político em 2014 também pode se firmar como alternativa tucana.
Guerra tem a difícil tarefa de montar a Comissão Executiva do partido dando espaços a todos os grupos políticos. Mas a disputa pública das últimas semanas chegou a sair do seu controle e colocou a convenção tucana inclusive sob risco de judicialização, caso o presidente não consiga encontrar espaços para atender todos os interessados.
Um setor do partido questiona a legalidade da segunda reeleição do deputado no comando da legenda, sob alegação de que há um parecer jurídico e que pode ser usado para interromper a convenção. "Isso não vai acontecer", disse Dias.
Na semana passada, em entrevista à Reuters, Guerra afirmou que não cederia às pressões para escolher membros da Executiva apenas para atender às vontades de grupos do partido.
"Nossa chapa (para a Comissão Executiva) jamais vai configurar a colagem de grupos antagônicos. Não serão os grupos que vão formar a nova chapa. Serão as forças do partido e suas bases de maneira que nós possamos ter ao final uma Executiva de total unidade", explicou.
Guerra quer evitar o fracionamento do partido, algo não muito simples neste momento, justamente por conta das pretensões eleitorais dos principais envolvidos nas negociações.
SERRA X AÉCIO
O mais descontente no partido é Serra, que no começo das negociações não se interessou em comandar o Instituto Teotônio Vilela (ITV), entidade de estudos e formação política do partido, e agora articula para comandá-lo.
A articulação é tardia na avaliação dos senadores tucanos, que indicaram o ex-senador cearense Tasso Jereissati para o posto. Guerra avisa que o instituto "não é órgão político, é órgão técnico".
A disputa não fica restrita ao ITV, já que os tucanos mais ligados a Serra também querem uma mudança na secretaria-geral do PSDB. Querem tirar de lá Rodrigo de Castro, ligado a Aécio. Esse grupo chegou a articular para que o ex-governador Alberto Goldman ocupe o posto.
"O Goldman pode fazer muita coisa no partido, ser secretário, ser presidente, ser vice-presidente, mas não precisa ser secretário-geral necessariamente", disse Guerra.
"Se a secretária-geral vai bem por que vamos mexer nisso? Por que um é de Aécio e outro é de Serra? Isso não é unidade. Unidade é ter o partido inteiro lá dentro", explicou Guerra.
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