quinta-feira, 26 de maio de 2011

Bibinho confirma furto de carros


Rossoni diz que está tudo resolvido!

Ex-diretor-geral da Assembleia afirma que a Casa recebeu o seguro dos veículos

Publicado em 26/05/2011 | CHICO MARÉS E EUCLIDES LUCAS GARCIA

Pela primeira vez desde a publicação da série de reportagens Diários Secretos, o ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa do Paraná Abib Miguel, o Bibinho, concedeu entrevista a um órgão da imprensa. À Rádio CBN, ele comentou o “desaparecimento” de 49 carros do Legislativo estadual entre 1991 e 2003 e criticou o deputado Reni Pereira (PSB), segundo-secretário da Casa e presidente da comissão responsável por fazer o balanço do patrimônio da Assembleia. Segundo Bibinho, os veículos foram roubados ao longo dos anos, tanto que a Casa recebeu o seguro dos automóveis. A afirmação foi confirmada ontem pelo presidente do Legislativo, Valdir Rossoni (PSDB).

De acordo com o relatório apresentado nesta semana à presidência da Assembleia, os registros informam que a Casa tem 55 carros. Desses, 48 foram roubados, seis estão ativos e um permanece desaparecido. Na semana passada, porém, Reni dizia que as informações sobre os furtos e sobre os automóveis encontrados eram bastante imprecisas, não se sabendo inclusive se o Legislativo tinha sido ressarcido pelo desaparecimento dos carros.

Em resposta ao parlamentar, Bibinho disse que a polícia foi avisada do roubo dos 48 veículos e a seguradora foi acionada. “A seguradora ressarciu o prejuízo e, para isso, exigiu o recibo do documento dos carros furtados, e foi dado. Se ela não deu baixa, o erro é dela”, afirmou. “O deputado conta que, estarrecido, encontrou desaparecidos 48 carros. Agora que ele sabe, precisa acionar com urgência a seguradora sob pena de ter prevaricado [ato de um agente público que procede contrariamente aos deveres do seu cargo].”

Bibinho declarou ainda que os seis carros ativos já estavam na Assembleia há muitos anos, para uso do presidente, do primeiro-secretário e da administração. “A população pode interpretar que eles estavam perdidos, escondidos ou que alguém teria levado para casa. Não era o caso”, comentou.

Ao ser questionado se não achava estranho o alto índice de carros roubados, Bibinho alegou não ver nenhuma estranheza no fato. “Eu não sou policial. Qual­quer ou­tra dúvida, dirija-se à delegacia de polícia, à de furtos de automóveis. Eles darão as explicações lá; eles têm o registro”, disse. O ex-diretor declarou que não se lembra do nome da seguradora e do tamanho do prejuízo causado pelos furtos.

Contra-argumentos

Questionado sobre as declarações de Bibinho, Reni afirmou que a única função da comissão presidida por ele era fazer um levantamento do patrimônio da Assembleia, sem nenhuma obrigação de tomar providências a respeito da situação levantada. “Não é uma comissão de investigação. O presidente é quem deve tomar os procedimentos cabíveis”, afirmou. “O presidente recebeu apenas a chave do gabinete. Nós começamos do zero. Alguns carros realmente estavam lá, mas não foram transmitidos na forma de inventário.”

Já Rossoni atribuiu o episódio a uma falha de administrações anteriores da Casa, que não teriam dado baixa dos veículos roubados no setor de patrimônio. “Houve uma tempestade em copo d’água. A Assembleia não teve nenhum prejuízo já que o seguro cobriu o roubo desses carros”, afirmou. “Infelizmente, estamos desenterrando algo de dez anos atrás para levantar o patrimônio da Casa. São veículos que foram roubados há pelo menos oito anos.”

Até o início dos anos 2000, a Assembleia mantinha uma frota de aproximadamente 150 carros. Cada deputado tinha dois veículos à sua disposição, além dos carros destinados à presidência e às secretarias. Em 2004, o então presidente do Legislativo, Hermas Brandão, anunciou que iria leiloar os automóveis para moralizar a Casa. Os carros tinham cerca de R$ 400 mil em multas não pagas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário