Fotos: João Le Senechal
A eleição de Curitiba está encruada. Há meses os candidatos não se movem e os três que estão na ponta são os mesmos. Luciano Ducci, Gustavo Fruet e o surpreendente Ratinho Junior. Dele ninguém sabe até onde vai, embora os preconceitos digam que alguém com esse nome não vence eleição em Curitiba, cidade de povo modesto, porém exigente nas aparências.
Sua carreira foi meteórica. Em 2002, aos 21 anos, foi eleito o deputado estadual mais votado pelo PPS no Paraná. Em 2006, foi eleito o segundo deputado federal mais votado no Paraná. Em 2010 reelegeu-se deputado federal, obtendo a maior votação no Paraná e a sexta maior do Brasil. Não é por nada que agora quer, aos 31 anos que comemora no dia 19 de abril, dar um salto na carreira. Seus sonhos não são pequenos. Ele quer chegar um dia a governador do Paraná. Sabe que o caminho mais curto é ganhar a prefeitura de Curitiba, por onde passaram os governadores desde 1990.
Ora, pois, Ratinho Junior é o único dos três que não conta com o apoio de governos. Ducci tem a prefeitura e o paraninfo Beto Richa, que não o deixa na chuva. Não é de somenos. Richa é seguramente o mais forte dos apoios que alguém pode pretender na eleição de outubro na capital. E tem ao seu lado o apoio de Fernanda Richa, a primeira das primeiras-damas do Paraná que tem alcance político-eleitoral real. É grande eleitora na cidade e qualquer analista político com dois neurônios ativos afirma que ela seria candidata imbatível se a lei lhe permitisse.
Gustavo Fruet arrumou a sua nova turma. Agora é o queridinho do PT sem deixar de ter apoio em camadas da população que sabem dar nó na gravata e usar todos os talheres. O PDT é uma ficção em Curitiba. Ou melhor, o brizolismo não existe por aqui. O PDT só teve potência com o instrumento alheio. Albergou Jaime Lerner, Rafael Greca, Cássio Taniguchi e outros descendentes da Arena em outra época. Foi feliz e até Brizola comemorou ao acreditar que essa turma ajudaria a levá-lo à Presidência da República. Mas o PT agora é forte e tem candidata a presidente em 2014, Gleisi Hoffmann, e tudo o que pretende é derrotar Beto Richa e sua trupe em Curitiba. Por isso adotou Gustavo Fruet e mandou às favas a tigrada que sonha com candidatura própria. Agora, em abril, veremos o que decide.
Sua carreira foi meteórica. Em 2002, aos 21 anos, foi eleito o deputado estadual mais votado pelo PPS no Paraná. Em 2006, foi eleito o segundo deputado federal mais votado no Paraná. Em 2010 reelegeu-se deputado federal, obtendo a maior votação no Paraná e a sexta maior do Brasil. Não é por nada que agora quer, aos 31 anos que comemora no dia 19 de abril, dar um salto na carreira. Seus sonhos não são pequenos. Ele quer chegar um dia a governador do Paraná. Sabe que o caminho mais curto é ganhar a prefeitura de Curitiba, por onde passaram os governadores desde 1990.
Ora, pois, Ratinho Junior é o único dos três que não conta com o apoio de governos. Ducci tem a prefeitura e o paraninfo Beto Richa, que não o deixa na chuva. Não é de somenos. Richa é seguramente o mais forte dos apoios que alguém pode pretender na eleição de outubro na capital. E tem ao seu lado o apoio de Fernanda Richa, a primeira das primeiras-damas do Paraná que tem alcance político-eleitoral real. É grande eleitora na cidade e qualquer analista político com dois neurônios ativos afirma que ela seria candidata imbatível se a lei lhe permitisse.
Gustavo Fruet arrumou a sua nova turma. Agora é o queridinho do PT sem deixar de ter apoio em camadas da população que sabem dar nó na gravata e usar todos os talheres. O PDT é uma ficção em Curitiba. Ou melhor, o brizolismo não existe por aqui. O PDT só teve potência com o instrumento alheio. Albergou Jaime Lerner, Rafael Greca, Cássio Taniguchi e outros descendentes da Arena em outra época. Foi feliz e até Brizola comemorou ao acreditar que essa turma ajudaria a levá-lo à Presidência da República. Mas o PT agora é forte e tem candidata a presidente em 2014, Gleisi Hoffmann, e tudo o que pretende é derrotar Beto Richa e sua trupe em Curitiba. Por isso adotou Gustavo Fruet e mandou às favas a tigrada que sonha com candidatura própria. Agora, em abril, veremos o que decide.
Atropela por fora
Nesse hipódromo, Ratinho Junior corre na raia de fora. Sem ajudas oficiais. Sem máquina administrativa que olhe por ele e lhe faça feliz. Seria o nosso cavaleiro da triste figura a enfrentar moinhos de vento, destinado a sair da eleição menor do que entrou em seu cacife eleitoral?
Tudo é possível até que as urnas nos desmintam. Quem, em sã consciência, imaginaria a vitória de Requião contra Jaime Lerner em 1985? Quem apostaria no sucesso de 12 dias de Jaime Lerner em 1988? Assim caminha a humanidade. É verdade que Ratinho Junior enfrenta obstáculos que esses graúdos senhores nunca encontraram pelo seu caminho. Ratinho Junior é o único de todos eles que não frequenta as rodas perfumadas do Country Clube. Qualquer cidadão curitibano que tenha alcançado o pico em seu alpinismo social ou descenda de ilustres famílias empobrecidas pelo tempo e pela incompetência torce o nariz para esse jovem deputado federal que se elegeu com enorme votação em 2010.
Mas nem todos fecham os olhos para esse novo fenômeno político. Por razões distintas, mas com boa análise, empresários de peso e bem postados no PIB local, como Marcelo Beltrão Almeida, ou um líder empresarial como Marcos Domakoski, que presidiu a Associação Comercial do Paraná, enxergam o que os outros não veem ou não querem ver. Ratinho Junior pode chegar lá, mesmo que não conte com o apoio das máquinas, coisa muito natural neste país de grandes moralistas que convivem com bicheiros e coisas assim.
Para figuras como Marcelo Almeida e Domakoski, Ratinho Junior é o “Rato que ruge”, apodo simpático que extraíram do título de um filme genial da década de 50 estrelado por Peter Sellers. No enredo, Sellers lidera pequeno país que põe de joelhos a potência americana e exige, para devolver Nova York, “paz eterna para todos”.
Marcelo Almeida, leitor compulsivo, certamente leu William Shakespeare, o qual dizia: há uma providência especial na queda de um passarinho, o estar preparado é tudo. Em noite recentíssima, em jantar que misturou empresários, políticos e intelectuais, Almeida transformou em parábola atual a história da queda da Bastilha. “Na noite do dia 13 de julho de 1789, o rei Luis XVI anotou em seu diário que nada, absolutamente nada de novo acontecia na história”. Pois, pois, no dia 14 de julho ele estava deposto e pronto para o cadafalso. Quis dizer que a história ensina que nada é eterno e imutável e que os presunçosos no poder podem ter surpresas.
Ou seja, um candidato como Ratinho Junior pode se eleger em Curitiba, apesar das opiniões contrárias de quem vê de cima para baixo e não enxerga as aspirações populares numa cidade que mudou muito a sua composição social. A população cresceu e camadas expressivas ascenderam, deformando a classe média conservadora. As próprias pesquisas de opinião não conseguiriam captar essas mudanças porque trabalham com amostras antigas e cristalizadas.
Nesse hipódromo, Ratinho Junior corre na raia de fora. Sem ajudas oficiais. Sem máquina administrativa que olhe por ele e lhe faça feliz. Seria o nosso cavaleiro da triste figura a enfrentar moinhos de vento, destinado a sair da eleição menor do que entrou em seu cacife eleitoral?
Tudo é possível até que as urnas nos desmintam. Quem, em sã consciência, imaginaria a vitória de Requião contra Jaime Lerner em 1985? Quem apostaria no sucesso de 12 dias de Jaime Lerner em 1988? Assim caminha a humanidade. É verdade que Ratinho Junior enfrenta obstáculos que esses graúdos senhores nunca encontraram pelo seu caminho. Ratinho Junior é o único de todos eles que não frequenta as rodas perfumadas do Country Clube. Qualquer cidadão curitibano que tenha alcançado o pico em seu alpinismo social ou descenda de ilustres famílias empobrecidas pelo tempo e pela incompetência torce o nariz para esse jovem deputado federal que se elegeu com enorme votação em 2010.
Mas nem todos fecham os olhos para esse novo fenômeno político. Por razões distintas, mas com boa análise, empresários de peso e bem postados no PIB local, como Marcelo Beltrão Almeida, ou um líder empresarial como Marcos Domakoski, que presidiu a Associação Comercial do Paraná, enxergam o que os outros não veem ou não querem ver. Ratinho Junior pode chegar lá, mesmo que não conte com o apoio das máquinas, coisa muito natural neste país de grandes moralistas que convivem com bicheiros e coisas assim.
Para figuras como Marcelo Almeida e Domakoski, Ratinho Junior é o “Rato que ruge”, apodo simpático que extraíram do título de um filme genial da década de 50 estrelado por Peter Sellers. No enredo, Sellers lidera pequeno país que põe de joelhos a potência americana e exige, para devolver Nova York, “paz eterna para todos”.
Marcelo Almeida, leitor compulsivo, certamente leu William Shakespeare, o qual dizia: há uma providência especial na queda de um passarinho, o estar preparado é tudo. Em noite recentíssima, em jantar que misturou empresários, políticos e intelectuais, Almeida transformou em parábola atual a história da queda da Bastilha. “Na noite do dia 13 de julho de 1789, o rei Luis XVI anotou em seu diário que nada, absolutamente nada de novo acontecia na história”. Pois, pois, no dia 14 de julho ele estava deposto e pronto para o cadafalso. Quis dizer que a história ensina que nada é eterno e imutável e que os presunçosos no poder podem ter surpresas.
Ou seja, um candidato como Ratinho Junior pode se eleger em Curitiba, apesar das opiniões contrárias de quem vê de cima para baixo e não enxerga as aspirações populares numa cidade que mudou muito a sua composição social. A população cresceu e camadas expressivas ascenderam, deformando a classe média conservadora. As próprias pesquisas de opinião não conseguiriam captar essas mudanças porque trabalham com amostras antigas e cristalizadas.
Quem subestima?
É claro que entre os políticos de alto coturno o Rato que ruge não é subestimado. Os sismógrafos de Beto Richa e de Gleisi Hoffmann são sensíveis no curto e no médio prazos. Trata-se de aparelhos muito bem calibrados pela experiência. Dificilmente falham na colheita das informações. A questão a discutir é como usam as informações. Mas essa é outra história.
Acontece que essas mudanças sociais criaram novas expectativas de setores que antes se comportavam com extrema candura diante dos poderosos. Há, segundo os esculápios da sociologia, um brado retumbante do “quero mais”. Os mais pobres que compraram seu carro em 70 prestações, estão na fila da casa própria, adquiriram eletrodomésticos e ainda têm sobras para a diversão, não querem ficar por aí. Reclamam mais serviços de saúde, mais educação, asfalto na porta, transporte eficiente e segurança, muita segurança, que este é o principal tormento da madame e da distinta da periferia.
Ou seja, aspirações que dizem respeito aos atuais governantes da cidade, do Estado e da República. Ratinho Junior aí sai ganhando em não representar nenhuma dessas instâncias do poder público. É o perfeito locutor das reclamações de cima e de baixo. E, pelo visto, tem assunto para cinco campanhas eleitorais.
Independente como a Mocidade de Padre Miguel, Ratinho Junior não tem compromissos políticos. Os que tinham foram desfeitos pelos parceiros que o traíram vergonhosamente, o que o coloca na posição de vítima da politicagem mais rasteira. Ele apoiou, de mala e cuia, a candidatura de Osmar Dias, do PDT, contra Beto Richa. Deu retornos significativos. Apoiou também Gleisi Hoffmann, do PT, para o Senado. O compromisso dessa gente era simples: ele teria o apoio de todos na disputa da prefeitura de Curitiba em 2012.
Qual o que. Gleisi Hoffmann, do alto de sua condição de mais votada para o Senado, no papel de estrela que sobe, esqueceu o passado rapidamente e trocou Ratinho Junior que a apoiou e apoiou Osmar Dias e Dilma Rousseff por Gustavo Fruet, o detrator de Lula, que apoiou Beto Richa e fez de tudo para tomar seu lugar na corrida pelo Senado. Imaginem a frustração de Ratinho Junior com seus companheiros de aventura em 2010. Até hoje não há Engov habilitado a desopilar o seu fígado sempre que é lembrado da alta traição que sofreu.
É claro que entre os políticos de alto coturno o Rato que ruge não é subestimado. Os sismógrafos de Beto Richa e de Gleisi Hoffmann são sensíveis no curto e no médio prazos. Trata-se de aparelhos muito bem calibrados pela experiência. Dificilmente falham na colheita das informações. A questão a discutir é como usam as informações. Mas essa é outra história.
Acontece que essas mudanças sociais criaram novas expectativas de setores que antes se comportavam com extrema candura diante dos poderosos. Há, segundo os esculápios da sociologia, um brado retumbante do “quero mais”. Os mais pobres que compraram seu carro em 70 prestações, estão na fila da casa própria, adquiriram eletrodomésticos e ainda têm sobras para a diversão, não querem ficar por aí. Reclamam mais serviços de saúde, mais educação, asfalto na porta, transporte eficiente e segurança, muita segurança, que este é o principal tormento da madame e da distinta da periferia.
Ou seja, aspirações que dizem respeito aos atuais governantes da cidade, do Estado e da República. Ratinho Junior aí sai ganhando em não representar nenhuma dessas instâncias do poder público. É o perfeito locutor das reclamações de cima e de baixo. E, pelo visto, tem assunto para cinco campanhas eleitorais.
Independente como a Mocidade de Padre Miguel, Ratinho Junior não tem compromissos políticos. Os que tinham foram desfeitos pelos parceiros que o traíram vergonhosamente, o que o coloca na posição de vítima da politicagem mais rasteira. Ele apoiou, de mala e cuia, a candidatura de Osmar Dias, do PDT, contra Beto Richa. Deu retornos significativos. Apoiou também Gleisi Hoffmann, do PT, para o Senado. O compromisso dessa gente era simples: ele teria o apoio de todos na disputa da prefeitura de Curitiba em 2012.
Qual o que. Gleisi Hoffmann, do alto de sua condição de mais votada para o Senado, no papel de estrela que sobe, esqueceu o passado rapidamente e trocou Ratinho Junior que a apoiou e apoiou Osmar Dias e Dilma Rousseff por Gustavo Fruet, o detrator de Lula, que apoiou Beto Richa e fez de tudo para tomar seu lugar na corrida pelo Senado. Imaginem a frustração de Ratinho Junior com seus companheiros de aventura em 2010. Até hoje não há Engov habilitado a desopilar o seu fígado sempre que é lembrado da alta traição que sofreu.
Sem mágoas, sem rancor
Mas Ratinho Junior aprendeu que assim caminha a humanidade da política nesta área chuvosa do planeta. Guardou as mágoas, arquivou os ressentimentos, e continua no jogo. Só que desta vez não abre para nenhuma proposta que venha dessa banda. Tem medo de que a dose de traição se repita. Por isso mesmo faz questão de avisar aos emissários que é candidato sob qualquer hipótese. Não abre.
Pois, pois, a malta não desiste. Prova da força de Ratinho Junior é que os seus dois principais adversários fazem de tudo para convencê-lo a aceitar a vice. Gustavo Fruet teria um reforço inigualável, pois Ratinho Junior lhe daria o caminho para a periferia, para os bairros mais pobres, para a classe C dos emergentes, ou seja, para a grande fatia do eleitorado onde ele não existe e nem é lembrado.
Para o prefeito Luciano Ducci, Ratinho Junior seria um parceiro perfeito. Primeiro porque sua saída do jogo principal certamente evitaria o segundo turno. E segundo turno é um drama para qualquer prefeito que tenta a reeleição. Em segundo lugar porque há espaços do eleitorado hoje dominados por Ratinho Junior onde é baixa a densidade de seus votos. Bolsões na periferia que agregados ajudariam a elevar rapidamente os índices do prefeito.
Ducci oferece uma vantagem nesse assédio ao candidato do PSC. Como ele tenta a reeleição, não poderá se candidatar a prefeito em 2016. Isso significa que o seu vice passará a ser candidato natural do grupo e da máquina. Pois, pois, com grandes chances de chegar lá. Só que com quatro anos de atraso. Mas como Ratinho Junior é o mais jovem dos políticos nessa porfia, poderia esperar. Não é o que ele pensa. Prefere passar pela experiência majoritária que aguardar na condição de vice.
A ministra Gleisi Hoffmann bem que tentou convencê-lo a ficar com o grupo que hoje dá sustentação ao governo de Dilma Rousseff. Pediu a união em torno de objetivos maiores da Nação. Pois Ratinho Junior não entra nessa conversa hipócrita em torno de ideologias que nada tem a ver com a realidade, quando a questão premente é outra. Esta é uma singular situação em que Gleisi Hoffmann se apresenta como defensora dos interesses do PT e dos trabalhadores, mas adota como seu candidato Gustavo Fruet, que ontem acusava todos os do PT, a começar pelo ex-presidente Lula, de corrupção.
Bem, de algoz, Fruet passou a aliado, o que não é incomum na política brasileira. O aliado Ratinho Junior ficou na beira do caminho, depois de ouvir declarações emocionadas e lacrimosas de amor eterno durante a campanha eleitoral de 2010.
Diz sabedoria antiga, à qual logo aderiram os sábios do petismo pragmático, que em política o que importa é a vitória, unicamente a vitória, e para alcançá-la vale tudo, inclusive trocar de parceiro no meio do baile, sem que isso cause pejo ou opróbrio. Afinal, em Curitiba teremos os três candidatos principais a prefeito que são de partidos que integram a base do governo de Dilma Rousseff: PSB, PDT e PSC. Pois, pois, na verdade por trás dessas siglas há outra guerra, a verdadeira disputa, que aponta para 2014, quando os tucanos do PSDB de Beto Richa terão de enfrentar os petistas de Gleisi Hoffmann. Mas nenhum desses partidos têm candidato a prefeito para este ano. Nessa sopa de letrinhas entra como tempero uma boa de dose desfaçatez. Mas ninguém dá a mínima para isso. A não ser uma camada de eleitores que começa a pensar em mudanças.
Mas Ratinho Junior aprendeu que assim caminha a humanidade da política nesta área chuvosa do planeta. Guardou as mágoas, arquivou os ressentimentos, e continua no jogo. Só que desta vez não abre para nenhuma proposta que venha dessa banda. Tem medo de que a dose de traição se repita. Por isso mesmo faz questão de avisar aos emissários que é candidato sob qualquer hipótese. Não abre.
Pois, pois, a malta não desiste. Prova da força de Ratinho Junior é que os seus dois principais adversários fazem de tudo para convencê-lo a aceitar a vice. Gustavo Fruet teria um reforço inigualável, pois Ratinho Junior lhe daria o caminho para a periferia, para os bairros mais pobres, para a classe C dos emergentes, ou seja, para a grande fatia do eleitorado onde ele não existe e nem é lembrado.
Para o prefeito Luciano Ducci, Ratinho Junior seria um parceiro perfeito. Primeiro porque sua saída do jogo principal certamente evitaria o segundo turno. E segundo turno é um drama para qualquer prefeito que tenta a reeleição. Em segundo lugar porque há espaços do eleitorado hoje dominados por Ratinho Junior onde é baixa a densidade de seus votos. Bolsões na periferia que agregados ajudariam a elevar rapidamente os índices do prefeito.
Ducci oferece uma vantagem nesse assédio ao candidato do PSC. Como ele tenta a reeleição, não poderá se candidatar a prefeito em 2016. Isso significa que o seu vice passará a ser candidato natural do grupo e da máquina. Pois, pois, com grandes chances de chegar lá. Só que com quatro anos de atraso. Mas como Ratinho Junior é o mais jovem dos políticos nessa porfia, poderia esperar. Não é o que ele pensa. Prefere passar pela experiência majoritária que aguardar na condição de vice.
A ministra Gleisi Hoffmann bem que tentou convencê-lo a ficar com o grupo que hoje dá sustentação ao governo de Dilma Rousseff. Pediu a união em torno de objetivos maiores da Nação. Pois Ratinho Junior não entra nessa conversa hipócrita em torno de ideologias que nada tem a ver com a realidade, quando a questão premente é outra. Esta é uma singular situação em que Gleisi Hoffmann se apresenta como defensora dos interesses do PT e dos trabalhadores, mas adota como seu candidato Gustavo Fruet, que ontem acusava todos os do PT, a começar pelo ex-presidente Lula, de corrupção.
Bem, de algoz, Fruet passou a aliado, o que não é incomum na política brasileira. O aliado Ratinho Junior ficou na beira do caminho, depois de ouvir declarações emocionadas e lacrimosas de amor eterno durante a campanha eleitoral de 2010.
Diz sabedoria antiga, à qual logo aderiram os sábios do petismo pragmático, que em política o que importa é a vitória, unicamente a vitória, e para alcançá-la vale tudo, inclusive trocar de parceiro no meio do baile, sem que isso cause pejo ou opróbrio. Afinal, em Curitiba teremos os três candidatos principais a prefeito que são de partidos que integram a base do governo de Dilma Rousseff: PSB, PDT e PSC. Pois, pois, na verdade por trás dessas siglas há outra guerra, a verdadeira disputa, que aponta para 2014, quando os tucanos do PSDB de Beto Richa terão de enfrentar os petistas de Gleisi Hoffmann. Mas nenhum desses partidos têm candidato a prefeito para este ano. Nessa sopa de letrinhas entra como tempero uma boa de dose desfaçatez. Mas ninguém dá a mínima para isso. A não ser uma camada de eleitores que começa a pensar em mudanças.
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